A PORTA ABERTA

 

Como loucos

Pelo telhado,

No vagão

Do tempo,

Ziguezagueando

Na solidão.

Entre versos

Tantas vezes

Refeitos,

Na multidão

De estrelas

E na escuridão

Dos sonos

E pesadelos.

Descarrilhando

Na estação

Do vento,

Inventando palavras

E comendo

Da sorte,

Como se toda sorte

Fosse a

Exatidão.

Dormimos,

Acordamos,

Recordamos

Para depois

Esquecermos

Se foi bom

Ou não.

Tudo que aprendemos

Está longe agora,

Tudo se foi

Para além

Da visão.

E quando nos sentimos

Sozinhos

Partimos

Por estes caminhos

Sem dia

Nem hora certa,

Apenas e porque

Encontramos

A porta aberta.