A Solidão que existe e não existe

A solidão

Tem a cor dos olhos

De quem se ama.

E se espalha por aquela

Dimensão;

É lágrima que cai,

É rio que vai

Para longe... até

Não haver mais rio,

Nem mais imensidão.

É pedra atirada,

Que afunda

Na profunda desolação

E mostra círculos e inconsciências,

Por um instante, o silêncio,

Depois em demasia

Uma profunda melancolia

No coração.

Luz do acaso,

Cujo ocaso

Deixa no fundo

Uma significante impressão.

A solidão

É a folha que se solta

E flutuando... breve

Toca ao chão.

E tudo que havia nela

Agora está além dela,

É apenas mera

Recordação.

A solidão

Se fecha por detrás das janelas,

Por detrás das portas,

Das ruas, das vielas,

Das casas novas

Em construção.

Se avista nos viadutos,

Nos segundos,

Nos minutos,

na distante paisagem,

Tudo se constrói

E se destrói

Na solidão.